sábado, janeiro 16

Subserviência da Lusofonia

SUBSERVIÊNCIA  DA LUSOFONIA
OU ABUSO DA ESPANOFONIA


(REFLEXÕES SOBRE O ENSINO OBRIGATÓRIO
DE ESPANHOL NA REDE ESCOLAR)

J. Jorge Peralta

1. Nas relações mútuas internacionais, há normas sérias a serem respeitadas. A Declaração Universal dos Direitos Humanos estabelece normas que todos se  comprometeram a cumprir para garantir a prosperidade, a integridade e o  bem-estar dos povos. A Geopolítica é uma questão muito séria. Há limites que todos precisam respeitar de fato e não só no faz de conta.
Todos os países são iguais diante da Lei.
A subserviência de um País a outros é sempre deprimente.
O respeito das nações tem de ser mútuo.
No entanto, há abusos intoleráveis, a serem revistos.

2. Vejamos um fato paradigmático de negligência e tratamento desigual:
Por decreto e acordo mútuo, Portugal e o Brasil, cada um a seu modo, devem implantar o ensino do espanhol (castelhano) em todas (?!) as escolas. O mesmo deve fazer a Espanha  e os Países da América do Sul: implantar o ensino de português em toda a sua rede escolar.
Portugal e Brasil apressaram-se a cumprir o acordado impondo o ensino de espanhol em toda a rede.
Como a grade escolar tem tempo limitado, as aulas de espanhol vão levar a redução da carga horária  de ensino de português ou de história.
E lixe-se a formação da cidadania lusófona.
Desestrutura-se e  conturba-se a lógica da grade curricular, para atender políticas circunstanciais personalistas...
No entanto, nem a Espanha nem os países da América do Sul estão cumprindo esta norma. Não há reciprocidade. Então nós também estamos dispensados do acordo. É questão de equidade.
Por que alguém não faz uma pesquisa de amostragem, in loco, nas escolas da América do Sul hispânica e na Espanha?!
A tirania está à solta. O “lobby” de Madri tem de ter limites... No interesse do país.
Os governos de Estado, que não estão cumprindo esta norma, estão sendo ameaçados até de perder o cargo. Isto é outra aberração...

3.  Quanto custa isto ao país, em termos de formação cidadã?  Qual o retorno?! Esta disciplina, o ensino de espanhol, não interessa a mais de 15% das escolas do Brasil. Por que impô-la a todos, tiranicamente? A quem interessa este contra-censo, sem reciprocidade?! Isto é servilismo.
Os deputados são cegos?! Já pensaram quantos professores de português e de história vão ficar sem trabalho para ceder espaço aos  professores de espanhol?!
 Quando muito, o espanhol deveria ser oferecido, em horário complementar, para quantos quisessem aprender a língua. Nunca dentro da grade. Esta é uma decisão nada democrática. É a lei conturbando os direitos humanos; é tirania. Não tem legitimidade ainda que seja legal.
Pela lógica política, os espanófonos deveriam aprender a língua portuguesa; os nossos não têm tanta necessidade de aprender a língua vizinha – Ou queremos que os nossos falem com os vizinhos na língua deles, quando vão ao país vizinho e também falarão na língua deles, quando eles vierem ao nosso país?! Onde está a equidade? Que cidadãos “livres”, queremos formar?
Diplomaticamente é uma aberração, repito.
Alguns estrangeiros instalam-se, nos domínios da lusofonia, sem o mínimo respeito ao país acolhedor. O respeito tem de ser mútuo. Sempre.
Os falantes da Língua Portuguesa e os da Espanhola estarão sempre em confronto?! Não acredito. Cada uma cuide de seu espaço. A Língua Portuguesa deve exigir, sempre, reciprocidade absoluta. Ceder sem reciprocidade é capitular. O respeito mútuo é uma atitude digna e cidadã
Nada contra a língua espanhola. É uma língua bela, como a língua portuguesa também é. Precisamos buscar formas de convivência, sem conflitos primitivos ou armados. Para que haja a plena  reconciliação dos povos,  será preciso que as pessoas inescrupulosas não engendrem projetos de pseudo-supremacias que dão pseudo-vantagens de uns sobre os outros e são gestadores de conflitos.

4. Essa questão de ensino do espanhol, obrigatório no currículo, já é um absurdo, por empobrecer outras matérias essenciais. Por que os educadores não reagem?
É urgentíssimo repensar essa questão, com coragem.Quem perde e quem ganha?!
Em relação aos espanofalantes, os lusofalantes nunca poderão se considerar subalternos. Não o são e nunca serão. Entre irmãos não há superiores, nem subalternos. Fraternidade e lealdade são atitudes essenciais. Uma sem a outra não prospera. Só gera conflitos.
Os interesses estrangeiros nunca poderão se sobrepor aos interesses de uma nação soberana. Interesses circunstanciais não podem prejudicar os rumos da história.

Nenhum comentário: