INGLÊS: INVASÃO OU APOIO
- Carta Aberta-
“Relatório de uma instituição internacional que mede a proficiência em inglês (...) é uma derrota para nossas cores em educação. Isto, num país em que, ao sair à rua, ligar a TV ou acessar a Internet, o cidadão é assolado, quase asfixiado pela língua inglesa (...)” Rui Castro – Folha de São Paulo, 06 de abril de 2011.
Caro senhor Ruy Castro
Para quem tem uma atividade intelectual respeitável, como o senhor, a crônica que publicou, na Folha de 06/04/2011, destoou. Fiquei sem saber se o senhor está com Brasil ou com EUA.
A sua defesa do inglês é indecente. Está se vendendo. Dá a impressão que o senhor aceitou o desafio de Obama ao Brasil: “Comprem o sonho Americano”. Não, senhor, o Brasil não quer e não precisa do sonho americano. Os resultados são muito amargos e deletérios. São decadentes, humanamente. Devemos repudiar tudo o que degenera os melhores valores que temos, e, de bom grado, podemos exportar se formos capazes de os formatar. No entanto, os deslumbrados da americanização não vêem seus “fracos”.
Temos adeptos demais do sonho americano, um sonho farisaico, a ser considerado criticamente, para não nos restar apenas o seu lado decadente que nos empobrece. Selecionemos o que nos aproveita.
O arrazoado de sua crônica parece argumento de professorinha de inglês, para provar que os alunos precisam aprender a nova língua.
Desculpe mas o senhor não precisa descer tanto... Há melhores argumentos...
Seu discurso é muito frágil. Parece aquele vendedor de cursos de inglês que quer as crianças brasileiras bilíngues, falando inglês em casa (?!) Ridículo! Apenas um comercial inócuo, subserviente e ilusionista.
Somos quase 200 milhões de falantes do português, só no Brasil. No mundo somos 260 milhões. Somos um país continental respeitável.
Queremos cultivar e aperfeiçoar o sonho Brasileiro: sonho de um país mais justo, mais competente e atuante, com educação séria para todos, que levará já a uma prosperidade sustentável.
Inglês como segunda língua? Ainda é necessário, mas deixemos isso para o 2º Grau da educação regular. Bilinguísmo profissional. Só.
Há gente demais querendo impor aos brasileiros a máscara americana, com o seu sonho consumista. Vamos ser sensatos: precisamos, antes, firmar nossa identidade de povo forte e soberano, com uma educação de qualidade.
Aqui não temos que falar inglês, no nosso cotidiano, nunca. Não somos colônia e nem protetorado dos EUA. Ninguém tem direito de nos “asfixiar com a língua inglesa”, como o senhor bem diz.. Não somos páreas dos EUA. Vamos nos respeitar, mutuamente, mas mantendo a nossa altivez, a nossa identidade.
Lojas que expõem mensagens comerciais, em inglês, não deveriam merecer o nosso respeito, nem o prestígio de nossa visita.
Neste ponto devo dizer que o projeto do deputado Aldo Rebelo tem muitas razões que um “loby” oportunista e decadente não deixou prosseguir.
Por que usar termos ingleses inúteis e abusivos? “sales”, “50% off”, “outlets”, “delivery”, etc, etc. São termos desnecessários e invasores, em nosso meio, e ofendem um mundo plural, ao quererem impor um único padrão, num “pensamento único”
Nós temos a terceira língua mais falada do Ocidente, a Língua Portuguesa. Não temos que nos dobrar à Língua Inglesa. Sabê-la, como língua veicular, é útil. Deixá-la invadir o nosso espaço e nos asfixiar é invasão a repelir, sem atitudes frouxas e subservientes, aceitas por gente pusilânime. Todo invasor deve ser repelido.
O inglês, no seu lugar pode, pode nos ajudar, como apoio,respeitando a nossa língua e a nossa soberania. Mas também pode ser uma “bomba”, não a que nos reprova mas a que nos ameaça.
Inglês, como segunda língua, onde for necessária, é bem vinda; não é bem-vinda em nossa vida cotidiana, onde a nossa língua é muito mais eficiente, mais bela e mais versátil. E é a nossa.
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