A MULHER E O HOMEM
A Dupla que Resolve
J. Jorge Peralta
1. O Dia Internacional da Mulher é uma bela data a ser celebrada; como o é o Dia das Mães e até o Dia de Natal.
Como não existe o Dia Internacional do Homem, eu começo a considerar que está data tem muito de uma celebração pouco humana e muito capitalista. Celebramos, neste dia, as mulheres bonitas, prendadas, esbeltas, estudadas “bem sucedidas”. Esquecemos os milhões de mulheres que dão duro estafante, dia após dia, para garantir um teto e um cômodo às vezes miserável, para dar aos seus filhos um mínimo de alimentação, de saúde e de educação. No seu dia a dia, tudo é precário e incerto. Só não falha sua vontade invencível de conseguir, para os seus, o melhor, por pior que seja... Quem delas se lembra, no mundo dos humanos?!
A celebração do Dia da Mulher não atinge hoje, ao menos no Brasil, nem 20% das mulheres.
Faltam aí 80% das mulheres, esquecidas e anônimas, que não têm menos dignidade...
É, pois, uma data desnecessária, ao menos aparente.
Lembrâmo-nos de quem já é lembrado e celebrado todos os dias. Até porque, em nossa sociedade, mulher bem formada, bonita, esbelta e “bem sucedida”, já é bem celebrada, naturalmente, todos os dias, ás vezes até a exaustão.
A nova celebração anual, às vezes, não passa de um ritual vazio, meramente formal, como obrigação e não como carinho.
Penso então que o Dia da Mulher deveria, em nosso tempo, ser o “Dia da Mulher e do Homem”.
Assim juntos, como é a condição humana. Somos teoricamente 50% de homens e 50% de mulheres. 50%, certo?!
Esta é a condição humana, que não podemos confundir.
Hoje não sei quem está mais deslocado de uma vida “normal”, se o homem ou a mulher.
Nas sociedades tradicionais, dos países lusófonos, excetuando, talvez os grandes centros urbanos, homens e mulheres trabalharam sempre, lado a lado, cada um com a mesma responsabilidade, cada um com a sua identidade.
Com a ascensão da mulher ao estudo, ao mundo do conhecimento, em vez de ser produzido o equilíbrio H/M, produziu-se um novo desequilíbrio.
Muitos homens, atendendo a apelos, seduções e até futilidades exteriores do mundo capitalista, vão sofregamente atrás do ter e das aparência transitórias, descartando o ser e seus valores imateriais mais profundos e perenes. São mais dispersivos.
As mulheres, de modo geral, levam a “vida” mais a sério: no estudo geralmente, destacam-se muito acima dos homens; levam a vida mais a sério e são mais dedicadas, persistentes e responsáveis. São mais focadas.
Muitos homens estão “perdidos”, nesta sociedade complexa, e vão sendo, socialmente “descartáveis”. Condição muito incômoda e frustrante. Quem pensa nisso?!
Vamos tentar um novo equilíbrio Homem/Mulher. Vamos, finalmente, equilibrar a condição humana, onde homens e mulheres, como as mulheres e os homens, sintam-se, juntos, responsáveis pela construção de um mundo mais saudável, mais equilibrado, mais justo, com mais dignidade e paz. Assim era nas gerações passadas, e ainda é assim nas sociedades mais simples.
Há muito mais gente, além do mundo urbano, que atrai atenção dos intelectuais.
O mundo dos humanos é constituído equilibradamente de homens e mulheres. Vamos celebrá-lo assim, sem inventar novos desequilíbrios. Homens e Mulheres, respeitados em sua dignidade plena, diferentes um do outro, mas intercomplementares. Ambos precisam ser educados para a dignidade e respeito mútuo, competência, fraternidade, dedicação, responsabilidade e generosidade.
Na educação familiar, escolar e na vida, cada ser humano deve ser educado para saber ser ele mesmo e pensar no outro:
- Aprender a ser, a conviver e a compartilhar.
- Aprender o espírito de mútua cooperação.
- Aprender a nunca desperdiçar os próprios talentos, mas pô-los a serviço dos seus e da humanidade, com competência e generosidade.
(08.03.2010)
Nenhum comentário:
Postar um comentário