O LEGADO DE SARAMAGO
J. Jorge Peralta
J. Jorge Peralta
Caríssimo Amigo
1. Recebi a texto que me repassou, do P. Tolentino Mendonça, de Lisboa, sobre José Saramago.(Texto anexo)
Como ele, faço jogo aberto, nos meus comentários sobre Saramago, com imparcialidade e sem cartas marcadas. Sem discriminar. Analiso-o de diversos ângulos.
Gostei muito do texto. Até porque sigo raciocínio bem semelhante ao da entrevista relatada.
Acredito que, na perspectiva da História, José Saramago, tem muito a dizer à humanidade.
No dia da morte do nosso Nobel, peguei a caneta para escrever um texto, em perspectiva um tanto quanto negativa e depreciativa. Não consegui escrever mais do que o título.: “Saramago, um Labutador ou um Provocador?”
Ao meditar os elementos positivos e os negativos de sua trajetória, comecei a sentir que os pontos positivos suplantam os negativos. Veio-me então uma frase do P. Antônio Vieira que me incomodou. Tinha-a citado num trabalho, recentemente. Ela me fez parar.
Diz Vieira: É melhor ter inimigos do que não os ter. Que isso tem a ver com Saramago? Pensei. Essa frase mudou o rumo das minhas ideias.
2. Bem sei que, com pessoas polêmicas, precisamos saber como eventualmente responder aos que pensam de outra forma. Via de regra, quando escrevo, deixo já no texto os elementos que dão partida à resposta a eventuais objeções ou provocações.
Eu não quereria ser inimigo do Saramago nem de ninguém. Queria apenas ser justo, ao expor as minhas ideias. Queria apenas dar o meu recado, dizendo algo que ajudasse as pessoas a pensarem, com algum proveito, diante de alguém que legou ao mundo e ao seu país uma obra respeitável. Alguém que saiu do anonimato pela própria força; Que não nasceu em berço esplêndido, mas soube viver...
3. Bem sei que Saramago tem muitos inimigos...(?!!!) Precisamos pensar as razões desta rejeição.
No dia seguinte já tinha o mote:
- Saramago foi um homem coerente e consciente.
- Provocou, em seus livros, a consciência dos acomodados.
- Não confundiu a obra com suas atitudes políticas.
Sobre Deus e sobre a religião, como interpretar isso positivamente? Achei o caminho...Pensei que provocar os acomodados poderia ser um
benefício.
Foi a estratégia de todos os Profetas.
Pensei que eu também faço isso, em alguns textos, discretamente.
Por seus erros políticos, Saramago, já tinha recebido o troco da nação.
No entanto, queiramos ou não, ele tem muito valor, em termos literários e em outros termos. Tem amplo saldo, em termos de méritos.
Merece ser tratado, com mais atenção e benignidade, do que faz a maioria de seus críticos, em Portugal.
Sem preconceitos, tal qual se faz no Brasil.
No Brasil, Saramago é muitíssimo estimado.
4. Se Saramago merecer a glória, glória terá. A História o dirá.
Com este raciocínio sumário, comecei a escrever um texto para enviar pelo mundo a fora, para diversos sites muito freqüentados, e para o site “Tribuna Lusófona”, que dirijo.
Escrevi sem preconceitos. Acho que saiu um texto apreciável e talvez útil. Escrevi na perspectiva do Brasil, mas de modo que servisse para que, em Portugal, o autor fosse reconsiderado e mais reconhecido.
5. Ao receber o texto do P.Mendonça, que me enviou, verifiquei que segue coordenadas e um espírito muito semelhante ao que segui.
Fiquei muito contente, até porque estava meio receoso,
na dúvida se deveria enviá-lo ou não, com este enfoque. Sentia-me muito só, nesta linha de raciocínio positivo. Pensava o que faria se tivesse repercussão negativa. Todos sabemos o estrago que pode fazer um ataque de tubarões.
na dúvida se deveria enviá-lo ou não, com este enfoque. Sentia-me muito só, nesta linha de raciocínio positivo. Pensava o que faria se tivesse repercussão negativa. Todos sabemos o estrago que pode fazer um ataque de tubarões.
Afinal, estávamos em posições antípodas ao que se fala comumente em Portugal.
O Texto do P. Mendonça me liberou para seguir o rumo tomado. Verifiquei que não estava só, mas estava muito bem acompanhado.
Nesta hora em que lhe escrevo, a texto já corre pelo mundo a fora. Espero que tenha valido a pena o que escrevi. Alguém precisava arriscar-se a ver o outro lado do grande autor. O outro lado da realidade.
6. Bem sabe que não escrevo por entretenimento, mas talvez por dever de devolver ao mundo tudo o que me deu, e por dever de deixá-lo um pouco melhor do que o encontrei, como fizeram os nossos antepassados.
Neste sentido, escrevo por prazer, que eventualmente pode me render alguma dor de cabeça. Mas estou preparado para o que der e vier. É preciso estar habilitado para responder argumentos. Normalmente não escrevo nada que não possa defender, ampliando apenas o que escrevi.
Agradeço muito a sua atenção, e peço desculpas de ter sido um pouco longo.
Respeitosas saudações
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