terça-feira, julho 6

Futebol a Copa e a vida

FUTEBOL, A COPA E A VIDA
JOGO É JOGO
J. Jorge Peralta

1. Resultados de jogo são apenas resultados. Sem sequelas.
O Mundo não parou porque o Brasil saiu da Copa. Como não parou quando saiu Portugal.
Chora por ti Argentina, não chores por nós. Para quê tanta arrogância (?!) se agora tens de engolir todas as lágrimas, malquerenças, injúrias, zombarias e outras sandices que lançaste ao vento?!
Caíste do salto alto? O tombo foi acachapante. Merecido. A Argentina precisava dessa derrocada. O choro é uma lição. O Brasil chorou primeiro; mas por aqui, a vida continua.
Nada de tristeza. Futebol apenas diverte. É uma alegre fantasia; uma simples alegoria. É entretenimento.
Chorar porque perdemos a Copa?! São lágrimas de jacaré. Temos muitos motivos para chorar se nos quisermos esgoelar, sem pensar em futebol:
Choremos pelos desmandos de nossos políticos, pela corrupção, pelo crime organizado, que semeia medo e insegurança, pela péssima educação que é levada ao povo, pelas injustiças que ferem os mais fracos, pelos que enganam a nação e o Estado...

2. A Copa para o Brasil é o dia de ontem. Idem para Portugal e todos os mais a quem a sorte não sorriu até  ao  fim, mas sorriu pelo sucesso parcial... Foi bom enquanto durou. Deu glória efêmera. Vinícios de Morais dizia: “Foi eterno enquanto durou”.
A Copa é o eterno provisório. Embora paradoxal, tem algo de verdade. Entenda quem lê.

3. A Copa está acabando. Com ela, que se silenciem para sempre as anti-higiênicas vuvuzelas, estridentes e animalescas, sem ritmo e sem melodia, sem arte. Produzem apenas ruídos insuportáveis. O uivar dos coiotes é mais  agradável.
A Copa acabou os jogadores voltaram para casa. Acabou em hora não combinada? Faz parte do jogo.

4. O Brasil sossegou. Sossegou em lágrimas, mas sossegou. São lágrimas transitórias. Ao comércio restaram os estoques de mercadorias  sem mais serventia. Quanto maior a esperança  maior a queda.
Muitos vão chorar por muito tempo pelos lucros que não se concretizaram e pela mercadoria estocada, sem saída, deixando prejuízos irrecuperáveis e muitas contas para pagar. A esperança valeu enquanto durou. Enquanto durou, o nosso psiquismo se rejubilou e se fortaleceu. Voltamos à faina diária.

5. A vida não segue e nem prossegue em linha retilínea; desenvolve-se em linha ondulada e curva, à direita e à esquerda, sem muita regularidade previsível. Quase tudo é surpresa, na vida dos humanos.
O caminho é sempre meio e não o fim. O essencial é o lugar aonde queremos chegar e as persistência em vencer  as dificuldades.
Um jogo de futebol ou uma Copa do Mundo podem ser tomados como metáfora ou alegoria da vida, mas a vida não é um jogo, uma alegoria; é vida vivida.
O jogo pode  ser uma boa experiência, um aprendizado para quem vive atento e não é levado pelo vento das circunstâncias.
Vitórias e derrotas fazem parte integrante da vida dos viventes. Acostume-se a isso e viverá melhor. Quem sabe até do negativo tira parte.
A lição da Copa pode nos ajudar a pensar e a equacionar o sentido da existência e da solidariedade.

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