PERSPECTIVAS DO MUNDO LUSÓFONO
NOVAS OPORTUNIDADES NO ESPAÇO DA LUSOFONIA
(Esboço – Roteiro para um Diálogo)
J. Jorge Peralta
Texto apresentado ao II Encontro da
Juventude Luso-Brasileira – São Paulo 2010
“Povo desorganizado é povo tutelado”
I – A FORÇA DA LUSOFONIA
1. Gostaria de poder fazer desta hora que vamos passar juntos, um momento de grandes descobertas. Juntos iremos mais longe.
Quero fazer convosco uma viagem panorâmica pela Lusofonia, como um espaço auspicioso e sedutor. Quero falar-lhes de um contingente fantástico de 260 milhões de Lusófonos, distribuídos pelos cinco continentes. A Lusofonia é um espaço global.
Quero demonstrar-lhes que a crescente auto-consciência da força da Lusofonia, isto é, dos povos lusófonos, em nosso mundo, é algo muito auspicioso para a humanidade.
A Lusofonia somos nós, com nosso potencial genético-cultural, nossas competências, nossas deficiências, nossa força desbravadora e pioneira, nossa persistência e nossa vontade de prosperar e servir. “Nós” aqui é um plural majestático: somos todos os falantes da Língua Portuguesa, que temos um modo próprio de viver e estar no mundo e de sentir a vida.
No nosso potencial genético espiritual, ainda se mantém, talvez esquecido, em muitos. O sonho dos Templários, a coragem e ousadia dos nossos navegadores e povoadores e dos desbravadores dos sertões, os nossos bravos Bandeirantes e Tropeiros, são forças que precisam ser reativadas, através do tempo, como novo potencial cívico e reserva moral, para as novas gerações.
O nosso tempo, ao se afastar de nossas raízes morais e espirituais, vai acumulando uma grande dívida moral com nossos antepassados e com as gerações futuras.
A Lusa gente é um grande paradigma universal de coragem, de criatividade, de ousadia e de grandes realizações. Foi um povo que assombrou o mundo, por seus grandes feitos, que a posteridade não esquece.
Falar da lusofonia é falar dos valores e das forças matriciais que dão coesão a esses povos e lhes garantem o brilho e a vitalidade, numa identidade inconfundível. A Lusofonia é um modo especial de ser e estar na vida e no mundo.
Defender e propagar os nossos valores não é obra para alienados e medíocres, que sempre tropeçam nas próprias pernas.
É uma tarefa para gente ousada e perspicaz, de ampla visão humanista. Precisamos saber cultivar nossos valores humanos, morais, intelectuais, literários e empreendedores: nossa congênita solidariedade e altruísmo, sem discriminações e sem preconceitos. Mas com justiça equitativa. Nossos valores, nós os herdamos dos nossos antepassados: dos Celtas, dos Lusitanos, dos Visigodos, dos Gregos, dos Romanos e dos Árabes; enfim, do Cristianismo e de outras mensagens ancestrais. Os valores que nos legaram os Templários, os Intrépidos Navegadores e os Bandeirantes e Empreendedores em Terras Brasileiras, serão a força com que construiremos um futuro melhor para todos, com respeito, dignidade e persistência.
Precisamos reconhecer mais e melhor nossa língua e nossa cultura, que são a força vital das manifestações da lusofonia, e marca de sua identidade; o molde de nosso pensamento e de nossos sentimentos.Como informo no subtítulo, este não é um estudo fechado. É um trabalho aberto: um esboço de roteiro para um estudo, a ser completado com os Textos Complementares:
e com os Documentos
para maiores esclarecimentos.
Aqui damos as linhas de pensamento que podem nos ajudar a dar coesão aos conhecimentos adquiridos, e abrir caminho para maior aprofundamento, para quem quiser ir mais longe.
Os Lusófonos ocupam seu lugar próprio e privilegiado, ao lado dos Anglófonos, dos Francófonos, dos Espanófonos, dos Italianófonos, etc.
3. Convido-os a revigorar algumas das forças matriciais que, por vezes, jazem esquecidas, num monturo de contradições, divergências e até de intrigas e golpes, que pessoas desinformadas semearam em nossas mentes, em nossas searas, sem nos darem oportunidade de buscar o contraditório para formarmos a nossa própria opinião. Alguns meios de comunicação são drásticos, tendenciosos e discriminadores; são um trator que tudo arrasta e soterra, em vala comum. Pessoas dignas são envolvidos em infâmias e dossiês arranjados, para impor o silêncio intimidatório...
A situação é tão grave e a desinformação tão abrangente que, na alegoria do “trigo e a cizânia” muitos já trocam a cizânia (o joio), pelo trigo; descartam o trigo e ficam com a cizânia. Nestes tempos, onde às pessoas são impingidos valores distorcidos, a referida inversão é prática comum, na política, no consumo e até na religião e na justiça. Isto é condição deplorável que envolve apenas alguns, mas prejudica a todos. Não é algo específico da Lusofonia, mas algo inerente à política moderna mundial.
Forças deletérias vão apequenando muita gente, mas isto acontece com todos os povos. Mas quanto mais gente se apequena, mais gente desperta para decantar as forças especiais da Lusofonia. No crisol é que se separa o ouro. São as forças centrípetas e centrífugas que movem a vida.
Esta sensação já a pressentiu Camões ao encerrar o Canto Máximo da Lusitanidade: Os Lusíadas. Escreveu Camões, com certa tristeza, mas sem desilusão:
Destemperada e a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida”
(Lusíadas, C. X, 145)
O grande poeta nunca se desiludiu com seu povo, apesar de todos os percalços e falta de consideração que sofreu.
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