quinta-feira, dezembro 30

Dilma

DILMA, PRESIDENTE DO BRASIL
A mais Poderosa Gestora da Lusofonia
J. Jorge Peralta
(Prof. da USP, aposentado)

I
GOVERNO DE TODOS E PARA TODOS

1. Os Governos precisam agir como os gestores empresariais: de olhos bem abertos e mente atenta. Ao volante do país, precisam ter, à frente, um para-brisa, bem amplo e claro, e três retrovisores discretos: um à esquerda, um à direita e outro ao centro. Precisam ver, ao mesmo tempo o que vem adiante, da direita, da esquerda e de trás...
Precisa estar atento à índole de seu povo e aos valores que cultiva, sem equívocos e sem farsas. O governante não faz a nação; apenas é um gestor dos bens coletivos e do bem-público.
Depois de Lula vem Dilma.
Dilma irá administrar uma herança de Lula, que representa um modo típico de governar, falando a linguagem do povo, com sucessos inquestionáveis e muitas distorções a serem reequacionadas. Que saiba aprender  das conquistas e méritos e acautelar-se das distorções. Repetir erros é babaquice. O melhor é saber aprender, tanto com os acertos como com os desacertos dos outros.
Política às vezes exige encenação, mas não admite falsidade...
Dilma vai gerir um país de 190 milhões de habitantes.

2. Conta-se que um dia, o Imperador do Brasil, D. Pedro II, passeava de carruagem aberta, pelas ruas do Rio de Janeiro, como fazia  comumente. A princesa Isabel o acompanhava, ainda menina. Vendo a euforia do povo pela avenida, saudando a Família Real que passava, a menina Isabel, princesinha simpática, perguntou ao Imperador:
Pai este é o meu povo?”
Ao que o sábio pai respondeu:
Não minha filha, você é a princesa desse povo”...
Se todos os governos tivessem um pai tão sábio, saberiam ser melhores gestores do bem público.
O Governo está a serviço do povo, não o inverso.
Dilma foi eleita por metade da nação, mas precisa saber governar, com justiça, competência e equidade, para toda a nação.
Dilma é a Presidente do Brasil todo. Precisa atender a toda a diversidade de uma nação de grandes diversidades físicas e humanas. Precisa saber conviver com a oposição: com os que pensam  de modo diferente, com princípios e interesses diferentes, com seriedade.
Agora, Dilma é do povo, mas o povo não é de Dilma. Ela serve ao povo, mas o povo não serve a ela. Os governos passam e o povo continua.

II
LIÇÕES DA “GERAÇÃO 68”

3. Dilma  é uma mulher da chamada “geração de 1968, mas há muito a superou. Do passado sempre há algo que se projeta no futuro.
Quem sabe se ela consegue praticar alguns dos ideais mais nobres daquela geração: a luta pela preservação da espécie e da vida com dignidade, com a preservação da soberania nacional. Mas o entreguismo resistiu.
Talvez ela saiba que há valores maiores do que o progresso material e que a vida sadia nos mares, na terra e nos ares não vale menos do que o dinheiro do Pré-sal. Que a solidariedade humana  vale mais do que enérgicos discursos, só para  impressionar e dar manchete nos jornais.
O que “68” teve de melhor precisa ser sempre lembrado.
Queremos ver Dilma defender a soberania nacional, em todos os campos da sua manifestação, em congraçamento com os outros povos.

Que Dilma continue a lutar contra a pobreza, mas que saiba enfocar a questão: A erradicação da pobreza faz-se com ajuda financeira provisória aos excluídos, mas principalmente com educação de qualidade, com saúde e segurança; com acesso à vida com bem-estar, com espírito de cidadania, com competência, com trabalho, responsabilidade e dedicação de todo o povo, sem estimular o parasitismo social.
O povo sabe encontrar soluções se não lhe tolhermos o caminho. Em vez de dar só o peixe, demos o anzol e ensinemos a pescar. Sem maternalismos fantasiados. O povo precisa de respeito e dignidade; não de esmola... O progresso material, só, não faz o povo feliz.

Não há erradicação da pobreza, sem ampliação da empregabilidade, de Norte a Sul e de Leste a Oeste do País, com respeito aos direitos básicos da pessoa: educação, saúde e segurança.
Recomendo a leitura de um texto que produzi há mais de 20 anos:
“Dar é humilhar”
Que se abram espaços de trabalho, por toda a parte, para todos, e não só no Sul e Sudeste. O governo precisa cooperar para alavancar o desenvolvimento regional e nacional.


4. Que todo o povo brasileiro possa ganhar o próprio sustento, com a própria competência e com o suor do próprio rosto, vencendo a dependência de “esmolas” que o Governo oferece, sem contrapartida, num populismo incômodo, gerador de subserviência. Só assim teremos, no Nordeste um povo livre e altivo, como sempre foi.
O Nordestino (sertanejo) é acima de tudo um forte”, como dizia Euclides da Cunha.
Erradicação da pobreza, sim, libertando, mas sem implantar nova dependência que só envergonha o beneficiário.
 Queremos construir uma nação livre, sadia, competente e responsável. Um povo adulto, criativo e ousado capaz de prover o sustento próprio e dos seus. O povo quer benefícios que o liberte, não esmolas que o acomodem e faça perder a vergonha.
A par disto, que ajude a criar uma nação desenvolvida, com paz, liberdade e prosperidade.
Estes são alguns dos grandes desafios do Governo Dilma, pós-Lula.

Com estas perspectivas, estamos certos que Dilma fará um grande governo. A “geração de 68 terá feito muito bem ao Brasil,  mais do que já fez, na consciência de milhares de jovens, que muito aprenderam nas ruas, sem fazer farsa.
Só quem participou da agitação de 68 sabe o que ela significou... tanto para o bem como para o mal.

III
FOCO NA LUSOFONIA

5. Que, na área internacional, o governo Dilma mantenha foco na Lusofonia. Que seja solidária com nossos irmãos que podem nos apoiar, pelos quatro cantos do globo.
Que ajude a abrir caminhos para a consolidação da União dos Povos Lusófonos, formando um forte elo de diálogo mundial, com um contingente de quase 260 milhões de lusófonos: o terceiro bloco do Ocidente.
Fazendo parte de um bloco, com pé nos cinco Continentes, falando a mesma língua, a ação do Brasil é mais consistente.
Esta é uma das mais fortes e seguras heranças que Dilma recebe de Lula.
Sugiro que, em lugar adequado, se exponha, no Alvorada, o Mapa Mundial da Lusofonia.
Aliás um mapa deste gênero deveria estar na sede de todos os Governos Lusófonos: o Mapa do Mundo Lusófono.
Lembramos que o Brasil representa quase 80% de toda a Lusofonia.

6. As alianças fazem os países mais  fortes  e podem fazer o mundo melhor. Os países não sobrevivem sozinhos; precisam de alianças confiáveis. Quem não é articulado é tutelado.
O Brasil mantém laços fortes em diversas dimensões, uns mais eficazes e outros menos: Aliança na UNASUL, Aliança na OEA, Aliança/Cimeira dos Povos Ibéricos, Aliança Sul-Sul, Aliança/Cimeira dos Povos Lusófonos, CPLP, etc.

É urgente formatar a União dos Povos Lusófonos, com presidência  rotativa, começando com o Brasil, como centro dessa Aliança.
Uma Comissão de alto nível já poderia definir os paradigmas e etapas.
É com estes bons augúrios que almejamos à Presidente Dilma, um bom governo, à frente deste belo e promissor país, o Brasil.

7. Filha de uma professora fluminense, de Friburgo, genuinamente brasileira e de um engenheiro búlgaro, naturalizado brasileiro, que aqui soube prosperar, e com uma boa formação intelectual bem brasileira e de qualidade, Dilma está preparada para enfrentar, com sucesso, o grande desafio de ajudar a preparar este país para ser, em poucos anos, um dos países mais prósperos do globo, enquanto implanta uma sociedade mais justa, solidária e igualitária, onde à ninguém falte pão, nem dignidade e nem trabalho.
Que Dilma saiba governar, com paixão e com energia, com ternura e com generosidade, zelando pelo bem de todos.

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