quarta-feira, dezembro 29

Portugueses

PORTUGUESES EM SÃO PAULO
                                    A Maior Cidade do Ocidente
José J. Peralta

1. A presença da imigração portuguesa e seus descendentes, em São Paulo, está na base, direta ou indiretamente, do desenvolvimento da Cidade e no Estado líder do Brasil. É inquestionável. É histórico.
Precisa, portanto, ser corrigido o artigo do senhor Alberto Goldman (Folha, 26/11/2010 A3) que, ao falar do desenvolvimento de São Paulo, citou quatro povos e esqueceu o principal, o português. Um “descuido” evitável da  autoridade  maior do governo.
Falhas dessa natureza precisam ser corrigidas. Não ficam bem na maior megalópolis do Ocidente, que ostenta, na área metropolitana, a cifra de quase 19.300.000 habitantes. O estado de São Paulo tem quase 41,4 milhões de habitantes.
É, de longe, a maior cidade lusófona do mundo. Bela cidade...
São Paulo é uma cidade altiva, até em seu lema: “Non Ducor, duco” – “Não sou dirigido, dirijo”.
São Paulo merece respeito à sua identidade genuína.


Foram os cidadãos portugueses que, desde o século XVI e XVII, prepararam estrategicamente São Paulo, para ser a Megalópole e o Estado pujante que hoje é.
São Paulo, Cidade e Estado são o resultado de 450 anos de trabalho árduo de muitas gerações e não apenas dos últimos setenta anos. Não ver isto é miopia política.
Do século XVI até os nossos dias, muitos  milhões de portugueses e luso-descendentes dedicaram e ainda dedicam sua competência, sua força e seu carinho a São Paulo, Cidade e Estado. Em todos os ramos da atividade humana os portugueses de São Paulo sempre foram muito audaciosos.

No entanto, os portugueses e luso-paulistas nunca reivindicaram para si só os méritos de tão grande façanha. Aos portugueses, com os índios, os negros, os espanhóis, os italianos, os japoneses, os chineses, os judeus, os árabes e tantos outros, São Paulo deve a sua pujança extraordinária. O português é cosmopolita por missão e por convicção e por necessidade de expansão. Os portugueses são hospitaleiros por constituição.

2. Foi nesse espírito que o português agiu em todo o globo: na África, na Ásia, na Oceania e na América: sempre agregando forças e nunca desagregando, descontando alguns deslizes, comuns aos humanos, de que ninguém está livre.

É tão marcante e indelébel a força da presença portuguesa, que a nossa língua com que nos comunicamos socialmente e em que pensamos é a forte e formosa Língua Portuguesa.
Os grandes pilares estratégicos da civilização paulista, são inquestionavelmente de raiz euro-portuguesa.
A história de São Paulo, vem sofrendo intervenções tendenciosas, sempre lastimáveis, que manipulam os fatos.

Isto em nada diminui o destaque que todos precisamos saber dar a todos os cidadãos de outras nações, que aqui investiram seu saber, sua competência e sua força, principalmente a partir do século XX.
Ressalto o destaque dado aos nordestinos, mineiros e sulistas, que formam o maior contingente de pessoas que vieram povoar e dar a São Paulo o arranque definitivo ao seu mega desenvolvimento dos últimos 70 anos.
Discriminações são sempre odiosas, principalmente numa cidade, num Estado e num país, onde todos os povos convivem pacificamente, se associam, e consorceiam, entrelaçando famílias e gerando famílias miscigenadas de portugueses, com índios, com negros, com nordestinos, com mineiros, com sulistas, com italianos, com espanhóis,   com japoneses, com judeus, com árabes, etc, etc.
Quem vier a São Paulo criar disputas ou discriminações entre povos para tirar eventuais vantagens políticas, está fora do lugar. Afinal somos todos, antes de tudo,  paulistas e brasileiros, e nos respeitamos mutuamente.
Todos juntos formamos, em São Paulo, uma imensa Megalópole cosmopolita, e um Estado pujante, onde convivem e progridem, lado a lado, com respeito mútuo, povos de todo o globo.
Preservar este espírito solidário é dever de todos.

3. A discriminação feita pelo senhor Goldman, certamente por descuido, é tão mais grave, quando sabemos o carinho que os Judeus sempre dedicaram aos portugueses, desde a formação do seu país (1140), até hoje.
Cinco séculos de miscigenação, cooperação e trabalho árduo não podem ser reduzidos aos últimos 60  ou 100 anos, sem uma carga deletéria de injustiças inadmissíveis, para com nossos antepassados, nos quatrocentos anos que precederam o arranque final dos últimos 70 anos. Isto ninguém pode negar, sem se apequenar.
Ao não citar o imigrante português de São Paulo, que formam um imenso contingente de pessoas, e seus descendentes, os luso-paulistas, o senhor governador esqueceu mais de 65% dos paulistanos detentores do DNA daquele povo. Citou 40% de luso-descendentes ao citar os nordestinos e mineiros que ostentam o DNA Luso. (Os dados são estimados). Somando nordestinos e mineiros, gira em torno de 10% o número de paulistas que não têm DNA do povo Luso.
Os oito pilares da civilização paulista são: a Língua Portuguesa, a Solidariedade Humana, o Cosmopolismo, a Ousadia sem medida, a Força do trabalho, a hospitalidade, a Valorização da vida e o empreendedorismo.
Estas são marcas já presentes no dia 25 de Janeiro de 1554, passando pelos Bandeirantes e pela ousadia de 9 de Julho, enfrentando obstáculos, por amor à liberdade e ao bem-estar de seu povo. O Patriarca da gente paulista é João Ramalho.
Fazer justiça é a mais nobre virtude que orna um governante. Que se faça justiça a todos, equitativa, é a atitude digna que temos direito de esperar. Com a palavra o senhor Governador. Só ele pode se corrigir. Errar é humano.

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