- FERNANDO NOBRE -
PERSPECTIVAS E PARADOXOS
DE UMA TRAJETÓRIA
José Jorge Peralta
Ponto de Partida – Circunstâncias
Recebi de um amigo, gestor de um blogue interessante, um texto em que ele se justificava por não publicar um dos meus ensaios sobre Fernando Nobre. Classificava algumas atitudes de Nobre como “ridículas” e “desastrosas” como seria a renúncia à função de Deputado e outras.
Este fato levou-me à redação deste novo ensaio.
Efetivamente, o meu amigo, tocou em assuntos que outros repetem. Se são erros, talvez ridículos e desastrosos, ou atitudes heroicas, depende do ponto de vista.
Peguei a minha lanterna de Diógenes e saí por aí.
Parto do grande filósofo, Gasset: “Eu sou eu e as minhas circunstâncias”.
Explico os fatos políticos, como constitutivos de paradoxos, às vezes estonteantes, principalmente para quem se insurge contra a falta de ética na política e precisa enfrentar o falacioso “poder” econômico e até o poder dos formadores de opinião, alguns previamente cooptados pelo “poder”.
Muitos agarram-se ao poder, com unhas e dentes, pois dele vivem e não querem, por nada, perder a boquinha. São as sanguessugas.
É esta a base em que se movimenta este ensaio, onde, como sempre, defendo ideias e não pessoas. Até porque as pessoas sabem se defender.
Esta questão deu-me oportunidade de destacar outros pontos do perfil de Nobre e de refletir sobre alternativas possíveis.
I
ABERTURAS E PERCALÇOS DE UM MUNDO DESCONCERTADO
Caro Amigo,
1. Os Paradoxos do Dia-a-Dia – A Lanterna de Diógenes
Com todo o respeito às suas posições sobre o senhor Fernando
Nobre, sinto-me na obrigação de apor, ao rol dos erros que apontou, algumas reflexões, de um outro ponto de vista. Aprendi, na vida, a fazer o jogo de tudo reaprender, ou de aprender a aprender, a cada dia, sem rotina nem embaraço.
Aprendi que os atos e atitudes humanas tem múltiplas dimensões e que podem ser apreciados por múltiplos olhares, de múltiplos pontos de vista.
Não me fixo nas aparências. Busco as causas, o contexto e as circunstâncias, para saber de que se trata de fato. Para não me enganar.
Os fatos só se explicam nas próprias circunstâncias e não pelas nossas. Quem atribui aos fatos as circunstâncias do observador, a si mesmo aprecia e não os fatos. Usa os fatos como espelho de si mesmo.
Em tempos de extremo farisaísmo, onde apontamos nos outros os nossos próprios vícios, onde o crime organizado, em toda a malha social, tenta condenar as pessoas de bem, com dossiês esfarrapados e ainda manda flores de condolências, aprendi que precisamos sempre nos acautelar, mas vivendo a vida sem neurose, seguindo em frente.
De antemão devo informar-lhe que não faço política partidária. Penso na política, como arte de gerir o bem público, embora esta acepção possa, no momento, parecer utopia, em tempos de descalabrada corrupção egoísta. Este conceito de política será sempre um parâmetro a ser exigido.
Nobre revelou as novas fronteiras sociopolíticas e culturais que o País precisa almejar, com persistência e carinho especial. Essas lições de nobre estão no ar. Ninguém as apagará. As forças do atraso tremeram em suas bases deletérias.
2. Reserva Silenciosa
Há uma grande plêiade de pessoas, silenciosas, que pensa assim. Mas mantêm-se na reserva, esperando oportunidades. Se não fosse assim, este mundo já teria falido. A maioria ainda acredita na ética, como valor essencial.
Sinto-me inteiramente livre para apreciar os fatos, politicamente, com foco no que considero o bem da nação e da humanidade.
Sinto-me muito à vontade para criticar ou elogiar ideias e atitudes, com base no mérito e em princípios; nunca em opiniões fantasiosas. Até porque ninguém é perfeito.
Com ou sem lanterna, ao meio-dia ou à meia-noite, como Diógenes, o país precisa procurar pessoas de ética e competência, capazes de levar a nação a bom porto. Quem procura acha. Quem se acomoda desiste.
Eu me interesso mais pelos princípios do que pela prática política.
Mas sei que, sem prática, a teoria tem pouca serventia.
O que tenho em vista é contribuir para a adequada equação da governança do país, na perspectiva do bem-comum, com justiça, altruísmo e prosperidade para todos os que se dedicam e buscam o saber, sendo agentes produtivos, sem se acomodarem.
Erros?! Todos os cometemos. Mas saberemos corrigi-los. Nisto está o mérito.
“Quem nunca tropeçou na vida atire a primeira pedra!”. É um desafio.
O que diferencia os humanos, uns dos outros, é a vontade e a competência de corrigir as próprias deficiências; o saber decidir, optando. Mas é também a relatividade de valores que cada um adota. O que é adequado para uns pode ser péssimo e até condenável para outros. Somos todos iguais e todos diferentes. Não somos feitos em série.
Dizia Ortega e Gasset:
“Eu sou eu e as minhas circunstâncias”.
3. O Rolo Compressor e os Factóides
Quem são os que pensam censurar a ação política de Fernando Nobre, em Portugal? Bem sabemos que muitas pessoas, até de boa vontade, o criticam, porque se deixam influenciar pelo rolo compressor de um marketing feroz e farisaico e pelas aparências ou por suas próprias limitações, num mundo complexo.
No entanto, quem aponta “erros” e inconsistências, nas atitudes do senhor Nobre, de modo geral, são aqueles que sempre se beneficiaram dos últimos governos desastrosos e perdulários. Beneficiaram-se dos governos que levaram a fome, o desemprego e o desespero a milhares de lares, levaram o país à insolvência e à bancarrota e sucatearam a educação e os meios de produção. Levaram o país ao estado e condição sócio-econômica mais grave dos últimos 100 anos. São pessoas de credibilidade duvidosa. Muitos agem em causa própria.
Há uma máquina de criar factoides e pseudo-notícias, muito bem montadas e em funcionamento, por toda a parte.
Há agências especializadas em criar notícias, para desgastar o nome de quem querem destruir, manobrando a opinião pública.
Alguém já disse: “Os filhos da escuridão são mais sagazes que os filhos da claridade”.
Na política, como na guerra, a verdade é a primeira que tomba, ainda antes da batalha.
Quem são esses, para apontar erros nas atitudes do senhor Fernando Nobre?! Que moral têm?!
Bem disse Camões que “O mundo anda desconcertado”.
Os profissionais da política ou da comunicação que criticam Nobre não resistiriam a uma pequena devassa em seus atos políticos.
Mas não podemos esquecer que há muitas críticas de gente de bem, que espera mais das pessoas em quem confiam, sem se aperceber dos difíceis entraves a vencer, no percurso.
As pessoas de bem vivem como numa selva, cercados de “animais” ferozes, esfomeados, com incontrolada fome antropofágica. Quem não souber driblar as armadilhas é sumariamente devorado (!).
II
ABERTURAS E PERCALÇOS DE UM MUNDO DESCONCERTADO
4. Inimigos Aliados?!
Muitos dos que acusam deviam antes se calar, para sempre, pois foram eles, e muitos outros os que se beneficiaram dos desmandos de um governo que, em seis anos, dobrou a dívida do país, que se acumulava a partir da queda do salazarismo. Levaram o país ao desastre em que se encontra, comprometendo o bem-estar de toda a nação. Isto não só é erro, como é crime, (talvez inafiançável). Mas certas pessoas têm cara de pau! Simulam desconhecimento do que se passou.
Inimigos?! É natural que Fernando Nobre os tenha. Quem se propõem a mudar o status quo, mudando o governo, tem contra si todos os áulicos que vivem à sombra do poder. Ter inimigos é incômodo, certamente, mas não os ter é pior. O pior inimigo é o que se fantasia de amigo e faz o papel de agente duplo.
Diz o povo:
“Deus me livre, dos meus amigos, porque, dos meus inimigos, eu sei me livrar”.
Dizia Vieira: “Inimigos?! Melhor tê-los do que os não ter”.
Temos inimigos quando temos algum valor especial.
Os inimigos podem nos ajudar sem querer, pois dão-nos oportunidade de nos esclarecermos. Só não podemos nos acomodar e nos calar. Aqui é o silêncio que mais devemos temer.
5. Explosão da Comunicação
Vivemos em tempos mediáticos, num mundo escancarado, sem portas nem janelas e nem cortinas. Ideias ou notícias vão ao ar e alcançam as pessoas por toda a parte. Basta um pequeno aparelho de que cabe na palma da mão, para ler e interagir, com eventual comentário. As melhores como as piores ideias e notícias que vêm dos pontos mais longínquos do globo, estão ao nosso alcance, quase instantâneo. Todos podem ler e todos podem comentar. Não há notícia ou opinião, positiva ou negativa que não receba manifestações de todas as espécies, a favor ou contra, principalmente quando o assunto é de pauta global.
Até o Chico Buarque de Holanda, estimado cantor brasileiro, acostumado a ser aplaudido e amado, por toda a parte, ao acessar a internet, recentemente, descobriu, espantado “ser odiado na Internet”.
Nobre foi assunto de pauta global, em seu país, principalmente entre 2009 e 2011. Conseguiu atrair as atenções de toda a nação. Uns contra, outros a favor, outros indecisos. Muitos se manifestaram.
Quem vai a uma disputa pública está preparado para receber aplausos dos que o aprovam e apupos dos que não se sentem por ele beneficiados. Ou dos que esperavam mais dele e se desiludiram. Coisas da condição humana.
Receber aplausos ou apupos faz parte do jogo democrático. Não ofende ninguém. É questão para quem sabe como conviver e potencializar esta situação. Não está em jogo a pessoa, mas a conjuntura.
O bom “político” só não pode ser esquecido. Ataques inspiram-no e abrem novos espaços para levar a sua mensagem.
III
VALORES SUCATEADOS
6. Valores Abastardados
Fernando Nobre não lutou, com seus companheiros, contra moinhos de vento. Lutou contra “inimigos” de verdade: não inimigos seus, mas inimigos da nação, que a dilapidaram sem pejo.
Nobre bateu-se pela honestidade de propósitos, pela honra e pela vontade de contribuir para o bem público, o bem da nação, pela ética na política, sabendo que tais propósitos, em muitos governos perdulários e oportunistas, vão se tornando figuras retóricas de um folclore abastardado. Hoje, bem poderíamos publicar um texto de Vieira, no Sermão do Ladrão, que denuncia, com amargura, que em alguns governos se conjuga o verbo roubar (rapio) em todos os tempos, modos e pessoas. É um texto de plena atualidade, lastimavelmente. (Ver: Sermão do Bom Ladrão, Clique)
Diz Vieira:
“Conjugam, por todos os modos, o verbo roubar, porque furtam por todos os modos da arte (...)”
7. O Triunfo das Nulidades
É tão grave a situação, com a qual o senhor Fernando Nobre se debateu, que podemos verificar a atualidade de certo texto de Rui Barbosa, no Parlamento Brasileiro, em 1916:
“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.
A corrupção e a falta de ética é tão grave, em muitos governos, que o chefe do governo chinês, no aniversário do partido, há poucos dias declarava, atônito:
“O maior inimigo da China é a corrupção”. E observemos que na China não há condescendência para os corruptos...
Entre nós, a condescendência para com os corruptos é total!! Isso dá no que se vê!
Fernando Nobre saiu das recentes campanhas, com uma imagem muito positiva. Ninguém consegue, de verdade, arranhar a imagem de alguém que, com plena credibilidade, é capaz de defender a honra, a honestidade e a ética, numa sociedade em que a corrupção se alastra... e já abala o bem-estar das pessoas e até o seu humor.
8. O Silêncio dos Culpados
Caro Amigo,
Hoje talvez se comprazam em acusar o senhor Fernando Nobre, muitos que, durante 35 anos, ou nos últimos 06 anos, se calaram omissos, ante o descalabro administrativo, visível a olho nu. Calaram-se vendo a lama da corrupção inundar o país. Assumiram a posição dos quatro macaquinhos: “Não vejo, não ouço, não falo e nem faço”.
Alguns manifestaram-se, rompendo o silencio cúmplice, apenas quando a lama chegou à altura de seu nariz e os impediu de respirar. Só reagiram quando o desemprego se foi alastrando e a dívida ameaçava o equilíbrio sócio econômico nacional.
Bem diz Vieira:
“Por uma Omissão. Perde-se um reino”. Quem responde por isso?
V
INSTAURAR O DIÁLOGO NACIONAL
9. Um Arsenal a Desmontar
Os desiludidos do 25 de Abril, querem mudança, querem justiça, emprego, educação de qualidade, bem-estar e paz para viver, em seu país. Querem a restauração dos meios de produção nacional, que foram sucateados.
Querem um 25 de Abril autêntico, ou talvez um 25 de Maio, pois o que conhecemos foi apenas um blefe. Foi um jogo bem urdido. Alguns prometeram o que a nação queria e fizeram o que quiseram. O povo confiou e não teve voz. Deu no que está aí. Quem responde por isto?!
O mais grave de toda esta periclitante situação, foi a campanha antipatriótica, que, através dos últimos 37 anos, abalou as raízes do país. Através de um marketing deletério e sórdido, distribuindo subsídios absurdos para desestabilizar, desorganizar e inviabilizar a nação, sucatearam a agricultura, a pesca, a indústria e a educação nacional, tal qual fez a Indonésia em Timor Leste, pós 25 de Abril, para manterem o controle (as rédeas) do povo. Muitos acreditaram?! Outros se calaram, ante um desmonte irracional e trágico para o país, como o tempo demonstrou, desvendando as falcatruas “vendidas” como modernidade avançada (?!)
Foram mais longe, com atitudes ainda mais sórdidas, e quiseram convencer a nação, com um marketing de guerra, que o seu país não tinha importância; que não eram mais portugueses: agora eram europeus (?!). E muitos acreditaram (?!). Tentaram jogar no lixo a grande história do país. Por caminhos ínvios e sórdidos, convenceram (?!) muitos de que a ação de Portugal na História não passou de um amontoado de crimes (?!) Muitos acreditaram (?!) Os equívocos (?!) se disseminaram. Agora está na hora de desvendá-los, em nome da transparência ética.
10. Abertura do Diálogo Nacional
O governo esgotou-se, em seu arsenal de maldades, e encalhou num mar de lama.
Num mundo sem dogmas, não devemos ter medo de rejeitar tudo e todos que prejudicaram a Nação. Só o fascismo brutal é capaz de silenciar a voz da razão.
Fernando Nobre abriu as portas ao diálogo nacional, sem fronteiras. Rompeu a lógica dos 4 macaquinhos, que impunham silêncio, inapetência e inoperância. Foi, olhou, ouviu, falou e fez!
É preciso ouvir a voz da nação silenciada e humilhada.
11. Surge uma Voz
Devo dizer ao amigo que acompanhei, de perto, as últimas eleições, em que Fernando Nobre despontou e disputou o voto popular, e conquistou por próprio mérito um lugar na história de seu país.
Eu apenas o conheci anonimamente, neste contexto. As ideias e a coerência de sua atuação pelos excluídos, em ações de promoção humana, pelo bem-comum, logo me chamaram a atenção.
Observei atentamente o seu percurso e seus princípios, sua visão de mundo e da condição humana. Suas atitudes e sua coragem de reagir e levantar novas bandeiras, numa sociedade há muito desiludida, que se sentia traída, por seus políticos e quase amordaçada.
Muitos ainda se sentem envergonhados, por terem caído no conto do subsídio... Chegou a hora da verdade. A realidade é brutal.
É preciso reagir contra um governo e uma União Europeia que humilhou o país e o espoliou de seus meios de produção, em troca de subsídios e da mordaça.
Fernando Nobre saiu à luta, por seu país, e por seu povo, ostentando os valores em que acreditava e que vivenciava, na Fundação AMI. Poucas pessoas em Portugal teriam credibilidade e coragem para levantar novas bandeiras, num país amofinado, desiludido e empobrecido, já perdendo a auto-estima.
Surgiu finalmente uma voz, que muitos procurarão calar ou até cooptar, pensei. E não me enganei.
12. Um Homem de Credibilidade ousadia
Analisando o que Fernando Nobre dizia, em seus discursos, vi que tudo era consequência de uma longa prática humanitária do homem, numa ação sem fronteiras. Oferecia-se agora para, com uma nova visão de mundo, dar novos rumos o governo de seu país.
Vi que Fernando Nobre estava em plena sintonia, na teoria, na prática e nas atitudes, com o que há de mais dinâmico e profundo nos pensadores mais respeitáveis do pensamento moderno. Estava em sintonia com os pensadores independentes, que se situam além das ideologias comprometidos, com grupos restritos, e pensam em dimensões universais.
Surgia um homem que sabia lutar pela justiça e a paz, com prosperidade, altruísmo e bem-estar para todos, independentemente de povo, raça, religião ou condição social, mas com respeito a todos e a todas as instituições sérias. Um homem de visão plural consolidada.
Surgia um homem de ampla credibilidade e de mãos limpas.
Percebi então que o pensamento, as atitudes e as propostas de Fernando Nobre, para a Nação, estavam, plenamente de acordo com os princípios que adoto e os objetivos pelos quais pelejo, no Movimento Pacto Lusófono Mundial, depois estendido ao Pacto Humanista Global.(clique)
V
A GRANDE FORÇA DAS IDEIAS
13. Grandes Ideias não Cabem em Partidos Apequenados
Não cabendo as suas ideias, em nenhum partido atual considerei que o senhor Fernando Nobre, acertou ao disputar a Presidência, como candidato independente, apesar das imensas barreiras a vencer, que ele bem conhecia. Prosseguiu sua cruzada por sua nação, com mais dignidade e bem-estar, com ética na política e sem corrupção.
Muitos, como seria de esperar, fizeram de tudo para desmoralizar, desestabilizar e inviabilizar a candidatura do senhor Fernando Nobre. Com golpes baixos, conseguiram tirá-lo do segundo lugar que o levaria ao segundo turno da disputa eleitoral.
No entanto ficou num honroso terceiro lugar, com imenso respeito do eleitorado do país. O respeito de seu país foi sua maior vitória: Pôde desfraldar novas bandeiras. Abriu o diálogo, no seu país. Arejou o espaço político.
Provou-se que as barragens não mudam o destino das águas, mas apenas dos rios.
Penso que as ideias movem o mundo. Nobre foi um semeador de novas ideias que fazem falta ao país.
Na segunda exposição ao voto popular, Nobre foi plenamente vencedor:
Foi o fiel da balança que fez o partido, que o convidou, ser vitorioso, em Lisboa, depois de 20 anos de derrotas. Com isso, ajudou a derrotar um governo de tantos desmandos e ajudou a abrir o caminho, para uma nova era na História do País, se o Novo Governo souber governar, como se espera.
A renúncia ao cargo de Deputado no Parlamento, foi um pequeno episódio, mas muito significativo e honroso, no percurso do senhor Fernando Nobre.
Falei nisso no artigo “Um tacho maior para o povo esquecido”.
14. Um estrategista de Plantão
Meu caro amigo,
Repito que erros, todos os cometemos, até porque não dominamos plenamente as circunstâncias que nos levam a tomar certas decisões.
O que para uns pode ser classificado como erro, pode ser para outros apenas estratégia de articulação, tendo em vista um bem maior para a Nação, para a Comunidade.
Quem somos nós para julgar prematuramente?! Criticar podemos, com a relatividade de nosso ponto de vista. Não nos apequenemos.
A vida continua. O tempo é o senhor da história.
Erro estratégico?! Não creio. Fernando Nobre é um experimentado estrategista, que levou a Fundação AMI a uma incontestável credibilidade nacional e internacional, por sua qualidade e efetiva atuação, em ações humanitárias, sem fronteiras.
Não foi menos coerente nas duas vezes que foi a voto popular.
Na sequência o futuro dirá o que virá.
Só sei que, neste percurso estonteante tudo valeu a pena. Então escutemos o inquestionável Fernando Pessoa:
“Tudo vale a pena se a alma não é pequena”.
15. Aprendizagem da Experiência
Não resta dúvida de que o senhor Fernando Nobre sai destas disputas políticas, às quais não estava acostumado, mais experiente e com uma visão mais plural da vida e da política, e até mais tolerante. Pôde vivenciar as forças demolidoras que agem nos subterrâneos da política. Pode abalar e até revelar as forças do atraso e suas fragilidades.
Erros ou acertos só a história os julgará. Sai com uma vontade redobrada de se dedicar ao seu país e à humanidade, ainda com mais vigor, se isto for possível.
Fernando Nobre sai enriquecido, aberto ao mundo, com uma experiência e um rol de grandes serviços ao seu país. Sai ainda mais enriquecido e respeitado. Ele não se apequenou. Soube manter a natural altivez das pessoas cuja missão é servir. É um homem de credibilidade.
O País precisa de muitos homens desse quilate. Eles surgirão.
Portugal sempre foi um país de grandes homens, mas nem sempre soube fazer-lhes justiça. Os crápulas, muitas vezes, através, da história, foram mais rápidos e atalharam o caminho dos melhores.
Nobre tem muito para oferecer ao seu país. Não será nunca uma voz silenciável. Ele, nesta fase difícil, é a voz de quem não tem vez.
Como médico, como humanista e como cidadão, Nobre será sempre uma voz muito respeitada. Penso que Portugal tem muitos motivos para se orgulhar de Fernando Nobre, pelo muito que fez na AMI e também pelo que fez pelo seu país, em sua breve, mas decisiva passagem pela política nacional, numa campanha memorável.
José Jorge Peralta
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