domingo, junho 22

texto - abreu

Caro José Peralta,
Excelente o teu texto sobre Saramago
Camões morreu na miséria, como Damião de Góis e Garcia da Orta. Quantos génios do nosso país morreram na solidão e não tiveram a presença de nenhum rei, nenhum chefe religioso nem chefe de estado; quanta gente inocente foi chamada pelos meios de comunicação social a aglutinar-se para festejar a mediocridade. Quantos morreram no exílio antes de terem nomes de rua e textos selecionados nos manuais da instrução pública.Também o rei D. Pedro II não assistiu às exéquias de Vieira, como Cavaco Silva não se dignou assistir às de Saramago. Saramago foi uma figura polémica, perturbou a pensamento politicamente correto do nosso tempo, o padre A Vieira também foi assim no tempo dele. Ninguém sabe onde param as cinzas de Vieira, pelo menos as de Saramago ficam em Portugal! Vieira provocou e azucrinou, Saramago também. Vieira foi um patriota, Saramago nem tanto, mas mereceu um Prémio Nobel, coisa que não abunda pelas nossas bandas.
No reino da mediocridade, o mais importante por estas horas é a vitória de 7-0 sobre a Coreia do Norte. Quem sabe se ao regressarem ao país deles, aqueles jogadorers sem genica não serão todos enfiados num campo de concentração e a nossa seleção não vai amorfanhar-se, corroída pelos remorsos.
Parabéns pelo teu texto.

António de Abreu Freire

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