OS POLÍTICOS E OS ESTADISTAS – PARADOXOS
Como Classificar o Governo Lula?
J. Jorge Peralta
Atendendo a algumas achegas verbais ao texto RESTAURAÇÃO DA ESPERANÇA NO BRASIL - Sucessos, Desafios e Distorções do Governo Lula (Um Esboço de Interpretação), acrescento:
Penso e é opinião quase unânime, que Lula foi um político sagaz, o mais popular do nosso tempo. Mas apesar dos seus méritos, não soube ser um Estadista. Sabemos que nada é perfeito. Apesar da sua alta aprovação popular e poder de manobra no Congresso, não soube ou não quis implementar as reformas e decisões que poderiam tornar o país mais ágil, produtivo e competitivo.
Popularidade não resolve problemas. Pode até camuflá-los. Governos muito populares precisam deixar o povo desconfiado.
Governar não é agradar a todos; não é possível. É antes fazer o que precisa ser feito, agrade ou desagrade. Esta é a atitude do estadista; aquela é a atitude populista...
Cada governo faz as suas opções reais, para além de suas promessas verbais. Na prática a teoria é outra...
Praticamente foi um governo refém de um sindicalismo retrógrado, que pôs os interesses de classe, (de poucos) acima dos grandes interesses da nação.
Lula esquivou-se de tomar decisões inadiáveis, embora talvez impopulares entre os sindicatos, para tornar mais versátil e democrática a gestão pública, nas áreas política, previdenciária, tributária, fiscal e trabalhista.
Interesses das minorias suplantaram e silenciaram os grandes interesses da nação.
Para não enfrentar interesses setorizados, deixou o país fragilizado em questões essenciais, tais como os portos, os aeroportos, as ferrovias e as rodovias... Reduziu a pobreza, mas os resultados deixaram muito a desejar... Quantidade é diferente de qualidade. A nau da corrupção navegou, livre, por todos os mares... deixando a nação apreensiva, com discursos falaciosos...
Então não fez um bom governo. Não governou para todos... Tem méritos e deméritos a contabilizar.
Não soube aceitar a democracia plena; para ele e seu governo, toda a crítica era repelida, como preconceito ou perseguição, por mais evidente que fosse. Foi uma perene disputa entre os fatos e as palavras...
O Novo Governo terá imensos estragos a consertar, urgentemente, implantando um governo sério e respeitável, sem abalos e casuísmos que suportamos nos últimos anos.
Não é o caso de chorar o passado, mas de garantir um futuro melhor para o País, para levar os benefícios do desenvolvimento, com educação e qualidade, a todos os estratos sociais.
Todos os governos carregam méritos e deméritos. A questão é saber onde acertou e onde errou e o que isso ajuda ou prejudica o futuro do país. Saber o saldo final, independente do viés partidário.
A questão é saber apreciar os méritos e deméritos de cada um, com justiça e isenção de ânimo, apartidariamente, tendo em vista os interesses maiores de toda a nação, que trabalha para alimentar a máquina do governo.
Todos os governos passam, mas a nação permanece. Todo foco de avaliação deve estar voltado para os altos interesses da nação como um todo, esquecendo slogans por mais sensatos que possam parecer.
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